Setores com os maiores números de vagas disponíveis são aqueles que registraram mais perdas de postos de trabalho ao longo da pandemia
MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL
Setores com os maiores números de vagas disponíveis são aqueles que registraram mais perdas de postos de trabalho ao longo da pandemia

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a criação de  postos de trabalho no país está em recuperação. A taxa de desemprego de 9,3%, registrada no trimestre de abril a junho de 2022, é a mais baixa para o segundo trimestre desde 2015. Os maiores crescimentos dizem respeito a ocupações nas áreas de serviços prestados às famílias, inclusive domésticos (empregadas ou diaristas), recreação, lazer, serviços de garçom, construção e estética (veja abaixo a lista completa dos setores que mais empregam hoje no país).

Para Fernando Holanda Barbosa Filho, economista e pesquisador do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (CCE/ IBRE-FGV), os setores com os maiores números de vagas disponíveis são aqueles que registraram mais perdas de postos de trabalho ao longo da pandemia, empregam um grande contingente de trabalhadores e foram os últimos a se recuperar.

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"É a recuperação do último estágio da pandemia. São os setores que estavam mais fracos e agora estão voltando com bastante força. Esses segmentos demandam menor qualificação e estão agregando de volta trabalhadores que perderam empregos formais no isolamento social", avalia.

Mesmo assim, a melhora no mercado de trabalho não foi acompanhada de recuperação da renda. Com o desemprego alto, as pessoas se mostram dispostas a trabalhar por salários menores. Segundo o IBGE, a queda no rendimento médio real (hoje de R$ 2.652) foi de 5,1%, entre abril e junho, em relação a igual período do ano anterior.

"A renda média caiu e convive com uma inflação muito alta. Se você tem o mesmo salário que tinha há dois anos, está em pior situação, porque a inflação vai correndo o poder de compra", aponta Vivian Almeida, professora de Economia do Ibmec RJ.

Outro desafio do mercado de trabalho é reduzir a proporção de trabalhadores que esperam há muito tempo por uma recolocação no mercado. Segundo o IBGE, aproximadamente três em cada dez desempregados estão em busca de trabalho há mais de dois anos. No segundo trimestre de 2022, o número de desempregados há mais de dois anos era de 2,985 milhões. O número de informais também subiu. São 13 milhões de pessoas mercado de trabalho.

Além de construção e serviços domésticos, o setor varejista registrou o maior volume de contratações na plataforma de Recrutamento e Seleção, com 20,37%, segundo uma pesquisa da Gupy, empresa de tecnologia de RH.

Confira as áreas com mais vagas:

-Alojamento e alimentação (23,1%, ou mais 1 milhão de pessoas)

-Serviços domésticos (18,7%, ou mais 931 mil pessoas)

-Outros serviços* (18,7%, ou mais 805 mil pessoas)

-Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (14,2%, ou mais 2,4 milhões de pessoas)

-Construção (11,2%, ou mais 753 mil pessoas)

-Indústria geral (10,2%, ou mais 1,2 milhão de pessoas)

-Transporte, armazenagem e correio (10%, ou mais 463 mil pessoas)

-Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (5,5%, ou mais 893 mil pessoas)

-Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (5,1%, ou mais 568 mil pessoas)

*Serviços artísticos, culturais, esportivos e recreativos.

Expectativa de novas oportunidades 

As carreiras mais afetadas pelo isolamento social e a pandemia de Covid figuram agora entre as que mais contratam. É o caso do emprego doméstico, que chegou a atingir 1,8 milhão de postos de trabalho, formais e informais. Agora, o setor experimenta uma recuperação, ainda que a maior parte das vagas ainda seja para trabalho na informalidade.

"Enquanto a formalidade cresceu 17,6%, a informalidade aumentou 19,93%. O que observamos é que, ao contratar novos funcionários, os empregadores estão contratando com menor valor. O número de trabalhadores procurando emprego ainda é bem maior do que a oferta do mercado", explica Mário Avelino, presidente do Instituto Doméstica Legal.

Outros profissionais bastante afetados e que agora vivem um ciclo de retomada são os garçons e os profissionais que trabalham em bares e restaurantes. Um levantamento feito pelo Trampolim, aplicativo colaborativo de empregos, contabilizou mais de 550 oportunidades de emprego no país no setor de bares e restaurantes neste ano. Além de garçom, há oportunidades para copeiros, cozinheiros e outras carreiras.

No primeiro semestre de 2022, o aplicativo registrou 1.850 novas vagas no setor de alimentação. A oferta já equivale ao total de oportunidades criadas nos 12 meses de 2021.

"A expectativa é que o volume de empregos cresça cada vez mais no setor de bares e restaurantes. Muitos estabelecimentos fecharam as portas durante a fase mais crítica da pandemia e, agora, começam a reabrir, dando vazão a uma demanda que ficou reprimida", afirma Bruno Rizzato, diretor do Trampolim.

Apesar do aumento no número de vagas, é preciso se preparar para disputar oportunidades em um mercado competitivo (veja abaixo dicas de recolocação).

Dicas para conseguir um emprego

Demonstre interesse

Procure estar sempre disposto a aprender algo novo, a aprender com quem já tem mais tempo e experiência que você.

Tenha foco

Seja proativo, procure resolver as demandas que surgirem. Não se deixe levar por distrações durante o trabalho.

Evite celular

Mesmo que esteja sem muito movimento ou trabalho, não fique no telefone conversando ou vendo redes sociais.

Cumpra prazos

Procure concluir suas tarefas no prazo determinado, sem postergar a entrega.

Fumar fora de hora

Evite sair fora do horário do intervalo para fumar, pois isso pode prejudicar a sua avaliação junto ao empregador.

Seja pontual

Evite chegar atrasado no trabalho ou faltar muito e sem justificativa. Pontualidade e assiduidade fazem parte do perfil desejado pelos empregadores

Não critique o antigo emprego

Evite falar mal dos seus empregadores anteriores.

Cuide da aparência e postura

Não chegue ao trabalho com as roupas ou uniforme bagunçados, sujos ou amassados. Evite se sentar fora de hora e em locais impróprios.

Busque se qualificar

Quanto mais qualificado você é, mais chances de se manter no emprego, de ser efetivado. Aproveite cursos os on-line e gratuitos

Esteja preparado

Procure informações sobre a área que deseja atuar, o produto ou serviço que estará representando.


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