Caixa: entidades vão acompanhar novo canal de denúncias de assédio
Marcelo Camargo/Agência Brasil - 13.09.2019
Caixa: entidades vão acompanhar novo canal de denúncias de assédio

Após reunião com representantes da Caixa Econômica Federal, entidades que representam funcionários disseram que vão acompanhar o novo canal de denúncias de assédio do banco, o chamado "Diálogo Seguro Caixa", apresentado nesta terça-feira (19) durante o encontro.

"Precisamos de garantias de que é um canal seguro, onde as mulheres serão realmente acolhidas e respeitadas", afirma o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), Clotário Cardoso.

"É fundamental que as entidades tenham acesso e acompanhem as denúncias feitas por meio deste canal. Também precisamos fomentar a cultura da denúncia, de modo que os trabalhadores e trabalhadoras não sejam desestimulados a denunciar", defende.

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No fim do mês passado, o site Metrópoles  divulgou depoimentos de funcionárias da Caixa que  acusavam o ex-presidente da instituição Pedro Guimarães de assédio sexual. As denúncias citavam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com a relação de trabalho.

Pouco tempo depois, também foram revelados casos de assédio moral por parte de Guimarães, com vídeos que mostravam o executivo xingando e ameaçando seus subordinados.

Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Federal (MPF) apuram as acusações.   O Tribunal de Contas da União (TCU) também pediu a órgãos públicos de controle a abertura de investigação.

Pedro Guimarães acabou pedindo demissão.  Para o cargo, o governo indicou a secretária de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Daniella Marques, considerada braço direito do ministro Paulo Guedes.

"Respeitamos o direito de defesa de todas as pessoas, mas queremos apuração rigorosa dos casos atribuídos não só a Guimarães como também a outros dirigentes da empresa", reforçou o coordenador da CEE/Caixa.

6 em cada 10 bancários afirmam ter sofrido assédio moral

Uma pesquisa realizada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) revelou que 6 em cada 10 bancários afirmam terem sido vítimas de assédio moral. 

"Toda denúncia deve ser investigada de forma ampla, transparente e com plena participação da representação sindical", afirma o presidente da federação, Sergio Takemoto. A Fenae disponiliza atendimento jurídico aos seus empregados associados.

O levantamento ouviu mais de três mil trabalhadores da Caixa em todo o país e mostrou que o trabalho no banco também teria afetado a saúde de 80% dos empregados. Segundo a Fenae, 33% estavam afastados por depressão, 26% por ansiedade, 13% por Síndrome de Burnout e 11% por Síndrome do Pânico.

Um artigo específico sobre combate ao assédio sexual poderá ser incluído na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários. A reivindicação foi apresentada pelo Comando Nacional da categoria e será analisada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) dentro da Campanha Nacional 2022 dos bancários, cuja data-base é 1º de setembro.

Os bancários ainda reivindicam a garantia de proteção e assistência às vítimas, com período de estabilidade e afastamento do ambiente de agressão; apuração de todas as denúncias de abusos; capacitação do quadro de pessoal sobre o tema; e divulgação de cartilhas para o combate ao assédio.

De acordo com o documento, caberá à empresa coibir situações constrangedoras, humilhantes, vexatórias e discriminatórias, promovidas por superior hierárquico ou qualquer outro empregado no ambiente de trabalho. Em casos denunciados e reconhecidos, todas as despesas médicas deverão ser reembolsadas pelo banco.

Além do combate ao assédio, a pauta da Campanha Nacional também inclui a garantia dos empregos; o fim das terceirizações; e a jornada contratual de quatro dias de trabalho, entre segunda e sexta-feira. Os trabalhadores também querem assistência à saúde, tratamento de bancários com sequelas da Covid-19 e teletrabalho negociado. Defendem, ainda, a manutenção da Caixa 100% pública e de outras estatais.

Entre as cláusulas econômicas da Campanha Nacional, os bancários solicitam a correção das remunerações e de benefícios, a exemplo dos vales refeição e alimentação, considerando o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) entre 31 de agosto de 2021 e 1º de setembro deste ano. Em relação à reposição salarial, os trabalhadores defendem a correção pelo INPC mais 5% de aumento real.

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