Vai investir em renda fixa? Ativos indexados à inflação rendem mais que pré e pós-fixados no ano
Ivonete Dainese
Vai investir em renda fixa? Ativos indexados à inflação rendem mais que pré e pós-fixados no ano

Os investimentos em renda fixa passaram a ficar mais atraentes após o início do ciclo de altas da Selic. Neste ano, a rentabilidade daqueles indexados à inflação é maior se considerarmos o comportamento dos índices de renda fixa que servem como balizador de retornos para esse mercado.

É o que mostra relatório da XP Investimentos repassado previamente ao GLOBO. Mas dentro desse universo, os investidores precisam estar atentos a fatores como horizonte, tributação e riscos de investimentos para aproveitarem as melhores oportunidades.

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A atenção deve ser redobrada, pois a renda fixa não é tão fixa assim. As taxas e preços dos títulos variam diariamente até a data de vencimento pelos mais diversos motivos, que vão desde a divulgação de dados econômicos até as incertezas políticas.

Dessa forma, aqueles que estejam interessados em resgatar o ativo investido antes do prazo final precisam estar atentos a esses ganhos ou perdas, pois é possível que a curva de juros do mercado em um determinado momento seja diferente da taxa de cupom da época da aquisição do ativo.

"A renda fixa só e é fixa se carregarmos o título até o vencimento. Quando compramos um título muito longo, estamos sujeitos a riscos de mercados. Estamos em um cenário de aumento de juros e podemos ter novos aumentos de taxas, o que pode nos levar perder o dinheiro na marcação ao mercado", destaca o assessor de investimentos da Ável, Fabrício Dihl.

Atenção aos prazos

Atualmente, a curva de juros de curto prazo está invertida, pois os vencimentos mais curtos estão remunerando mais do que os mais longos. Esse movimento ocorre pelo aperto monetário forte, mas transitório que vem sendo feito pelo Banco Central (BC). 

Essa situação pode confundir os investidores, que podem optar por escolher títulos de prazos mais curtos sem levar em conta outras variáveis.

Segundo relatório da XP, a performance das três formas de remuneração da renda fixa (pós-fixados, prefixados e indexados à inflação) tendem a ser melhores do que nos últimos dois anos. 

Quando observado os índices de renda fixa, percebe-se que os títulos prefixados apresentam maior volatilidade e, justamente por terem mais risco devido ao risco de oscilação nos preços antes do prazo de vencimento, maior retorno.

Os índices IRF-M e IMA-B levam em consideração uma carteira de títulos em renda fixa e como o preço deles está caminhando ao longo do período.

Como destaca o especialista da XP e um dos autores do relatório, Pietro Consolaro, os ativos pós-fixados, que acompanham os movimentos de elevação das taxas de juros, são mais indicados para aqueles investidores mais conservadores.

Nesses produtos, há maior estabilidade nos preços em resgates antes dos vencimentos e, portanto, pouco efeito da marcação a mercado.

"Quando você tem mais propensão ao risco, acho que você pode fazer aplicações em fundos de créditos atrelados ao IPCA, comprar debêntures incentivadas mais longas. Para aqueles com menor propensão ao risco, o indicado são ativos atrelados ao CDI", afirma o sócio-diretor de renda fixa da Empírica, Renato Lazaro Ramos. 

Os analistas da XP também destacam que a alíquota de imposto de renda é maior quanto mais curto o prazo do investimento e isso pode reduzir a rentabilidade esperada. Com isso, é importante evitar a concentração apenas em títulos curtos, diversificando a carteira em termos de prazos.

Para os ativos pós, o movimento é favorável nos próximos meses. Mas não é esperado que eles continuem a remunerar de forma tão elevada quando as pressões inflacionárias se dissiparem e, com isso, os juros passarem a cair.

Equilibrar de acordo com o perfil

Por isso, segundo os analistas da XP, deve-se evitar um excesso de alocação em pós-fixados, principalmente naqueles com liquidez diária e que tenham prêmios de riscos menores.

"Aquele investidor que é mais conservador vai ter uma proporção de pós-fixados que domina a carteira. Já aqueles que são moderados ou mais agressivos devem ter uma parcela de pós-fixados, mas vão começar a buscar títulos que podem entregar mais, como os prefixados e indexados à inflação", disse Consolaro.

Cuidados ao prefixar

No caso dos prefixados, a atenção aos prazos deve ser redobrada.
Os juros desses títulos estão altos devido à expectativa de que a Selic aumente. Mas sempre há o risco de o investidor se fixar em uma taxa, a Selic ser elevada ainda mais do que o previsto e a pessoa ficar presa em um juro que paga relativamente pouco. 

"Como ainda estamos no ciclo de alta, qualquer surpresa para cima prejudica os prefixados. Um investidor que compra um prazo fixado hoje, se o mercado é surpreendido com um ciclo mais alto, ele pode resgatar esse título até com prejuízo", destaca o analista da XP.

Para Dihl, da Ável, caso o investidor deseje aportar em ativos prefixados no momento, o mais recomendado é a escolha por prazos de um ou dois anos no máximo, devido ao momento de incertezas no mercado.

Nessas ocasiões, é importante alinha objetivos financeiros aos prazos de vencimentos dos títulos prefixados. Se o investidor quiser evitar o risco de deságio, deve manter o título até o vencimento.

No caso dos prefixados e indexados à inflação, é possível ter performance negativa em caso de elevações não esperadas das taxas negociadas como ocorreu em 2021, segundo o relatório.

"Tiveram revisões altistas do mercado sobre juros e inflação e toda essa reprecificação acima das taxas faz com que os preços caíam", destaca Consolaro.

Os títulos indexados à inflação, que pagam uma taxa de juros mais a inflação acumulada no período, garantem proteção contra surpresas inflacionárias. Eles oferecem retornos acima do ritmo de elevação dos preços, quando levados até o vencimento.

Diversificação

Como ressalta Consolaro, a diversificação entre as três classes de ativos protege os investidores nas diferentes partes do ciclo de aperto monetário.

"Quando você está no pós-fixado, se os juros subir mais do que esperávamos, ele está capturando essa alta. No prefixado, se os juros não subir tanto quanto a gente imaginava ou se cair mais rápido do que o esperado, ele vai se beneficiar. E se a inflação surpreender para cima, o indexado à inflação protege o investidor, caso ele leve o papel até o fim." 

E ainda outras classes de ativos fora dos títulos públicos que se apresentam como boas opções para o atual momento.

Entre elas, estão os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e as debêntures incentivadas. Vale lembrar que os CRIs e CRAs são isentos de imposto de renda.

A dica nesses casos é prestar atenção na qualidade e histórico do emissor dos papéis.

"Podemos tranquilamente ir para títulos bancários. E há aqueles isentos de impostos, como as LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio), CRIs e CRAs e debêntures incentivadas", destaca Dihl.

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