Saúde mental
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Saúde mental

Diante das incertezas geradas pela pandemia, cuidados com a saúde mental e artigos para animais de estimação consumiram mais do orçamento dos brasileiros no ano passado.

Os itens se destacaram no mais recente relatório sobre o comportamento dos consumidores no país, realizado pelo Itaú a partir dos pagamentos efetuados com cartões do banco e nas vendas da Rede, sua empresa de maquininhas de pagamentos.

Segundo a pesquisa, o faturamento das clínicas de psicologia aumentou 41% na comparação com 2020, índice puxado sobretudo pela demanda dos brasileiros mais jovens. Além disso, o número de transações relacionadas a esse tipo de serviço cresceu mais entre os homens (153%) que entre as mulheres (93%).

Na esfera do autocuidado, aumentaram em 24% os gastos com salões de beleza em 2021, particularmente na compra de cabelos para extensões, laces e megahair.

O setor de medicina veterinária e lojas de artigos para pets também registrou aumento significativo nas vendas, com 25% de alta no valor movimentado em relação ao ano anterior, com forte influência das vendas on-line.

O valor total gasto no segmento subiu 143% considerando somente o comércio eletrônico. Nas lojas físicas, 19,6%.

O diretor de Estratégia e Engenharia de Dados do Itaú, Moisés Nascimento, observa que as disparidades regionais no consumo de produtos para pets, com o Nordeste na retaguarda, pode sugerir que os moradores da região preferem os felinos:

"No IBGE, descobrimos que o Nordeste é a região onde estão 32% dos gatos do Brasil e, segundo a Associação Brasileira de Pets (Abinpet), o custo médio dos (cuidados com) gatos é menor que o dos cachorros."

Gasto com manutenção indica mais carros fora da garagem

Muitos brasileiros parecem ter priorizado os automóveis próprios em vez de usar transporte coletivo. A pesquisa identificou aumento nos gastos com manutenção de veículos, sem incluir despesas com combustível, que foi um dos principais vilões da inflação nos últimos meses.

Nos estabelecimentos de lava rápido ou troca de óleo a alta foi de 46%. Os gastos com estacionamento e pedágio cresceram 51% ao ano.

O relatório ainda introduz um cenário positivo para o setor de carros elétricos, já que no último trimestre de 2020 houve um aumento de 62% nas transações para a recarga desse tipo de veículo.

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"É uma nova tendência observada: os brasileiros estão entrando no setor de veículos elétricos, o que é uma ótima notícia para a nossa ecologia", disse Nascimento.

Já nos gastos com educação, as transações comerciais cresceram 34% entre os maiores de 60 anos, pouco menos que entre os consumidores jovens, da chamada geração X: 39%. Os idosos também se destacaram com um aumento de 11% no ticket médio de despesas com tecnologia.

Turismo se destaca entre os setores

Com a redução das restrições impostas pelo coronavírus em meio ao avanço da vacinação, o turismo se destacou entre os setores com alta de 93,4% nas transações, retomando valores semelhantes aos de 2019, ainda que um pouco abaixo do período pré-pandemia.

Entre os setores que mais cresceram em volume transacionado no quarto trimestre de 2021, em comparação com os mesmos meses de 2020, houve destaque para locomoção e transporte (50%) e a categoria que engloba cultura, lazer e esporte (42%). Os resultados mostram que eles seguem uma trajetória de expansão consistente, segundo o Itaú.

Vendas no varejo tiveram forte recuperação no fim do ano

O varejo encerrou 2021 com um bom desempenho, segundo o Itaú. O valor das transações no quarto trimestre excedeu em 20% o mesmo período de 2020 e superou até mesmo o nível pré-pandemia: foi 32% superior em comparação com 2019. Na comparação com o terceiro trimestre, a alta foi de 13%.

Também refletindo maior circulação dos consumidores, o total de compras em lojas físicas representou 78,9% de todo o faturamento do comércio no ano, ainda que as compras on-line continuem em trajetória ascendente desde o início da pandemia. Elas cresceram 39% em 2021.

Revisão de expectativas para o ano

Diante da piora nas expectativas para a economia brasileira, com indicadores de confiança em queda generalizada, o Itaú projeta uma retração de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. As estimativas consideram o aumento progressivo na taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central, o que impacta as concessões de crédito e, mais adiante, cria obstáculos para o consumo.

De acordo com Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco, a inflação deve ceder mais à frente, ao longo do ano, mas o recuo deve ser mais lento porque a alta de preços se espalhou por vários segmentos, incluindo o setor de serviços.

"O cenário global é particularmente desafiador quando a gente olha para a inflação. É um cenário de inflação disseminada e persistente. Essas pressões inflacionárias não têm acontecido só em (países) emergentes. Isso obviamente leva a uma reação dos bancos centrais, que vêm elevando os juros para conter esse cenário de inflação mais alta", explicou.

A boa notícia, destacou ela, é que a onda de infecções de Covid-19 provocada pela variante Ômicron parece estar recuando na maior parte dos países.

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