Após seis meses em queda, dívida pública volta a subir em setembro
Redação 1Bilhão Educação Financeira
Após seis meses em queda, dívida pública volta a subir em setembro

Depois de seis meses em queda, a dívida pública voltou a subir em setembro, chegando a 83% do PIB. O número foi divulgado pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira.

Em agosto, ela estava em 82,7%, depois de cair mês após mês desde fevereiro, quando atingiu o pico histórico de 89,4% devido aos gastos com a pandemia. Em abril, a relação dívida/PIB já estava em 85,3%, caiu para 83,2% em junho e para 83,1% em julho.

Segundo o BC, o principal motivo para a alta foi a incorporação de juros nominais, e em menor grau, a desvalorização cambial.

Parte da dívida pública é indexada à Selic, que vem sofrendo seguidas altas neste ano, até chegar a 7,75% na última quarta-feira . Com isso, ela fica mais cara. Já a alta do dólar afeta a parte da dívida que é em moeda estrangeira.

Já o crescimento do PIB fez com que a alta fosse menor. Como o PIB é denominador da relação com a dívida, quando ele aumenta, o resultado é queda no indicador.

A Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, projeta que a dívida chegue a 83,3% do PIB no fim do ano e continue em uma trajetória de alta.

"A persistência da inflação se combinou com uma série de riscos novos para elevar o prêmio exigido pelo mercado na aquisição de títulos públicos. Simultaneamente, o Banco Central vem aumentando a meta para a taxa Selic. O resultado é o crescimento das despesas com juros e a provável retomada da trajetória de alta da dívida/PIB até dezembro de 2021, ainda que a partir de um ponto inicial mais baixo", aponta a IFI em seu Relatório de Acompanhamento Fiscal divulgado na semana passada.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, explica que o número veio melhor do que o esperado, mas a tendência para 2022 é de atingir 90% do PIB.

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"Ano que vem é um ano no qual você vai ter mais um vez um déficit, tem uma perspectiva de crescimento do PIB muito baixa com inflação pressionada, então a inflação vai ampliar sua dívida principalmente no reajuste de salário mínimo e previdência enquanto sua receita não cresce mais do que proporcional", explica o economista.

O indicador é acompanhado de perto pelo mercado porque mede a capacidade do país de pagar suas dívidas. O número engloba o resultado do governo federal, o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e os governos estaduais e municipais.

Superávit

Apesar da alta na relação dívida/PIB, o setor público teve um superávit no mês de R$ 12,9 bilhões, ante déficit de R$ 64,6 bi no mesmo mês de 2020.

A principal razão foi o resultado positivo para governos regionais de R$ 10,4 bi, seguido das estatais, de R$ 1,8 bi e do governo central, com superávit de R$ 708 milhões.

A economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, ressalta que os resultados fiscais de curto prazo são positivos, mas as incertezas para o futuro, como o plano de pagar parte do Auxílio Brasil fora do teto, trazem uma perspectiva negativa para o horizonte mais longo.

"A gente teve um superávit muito maior do que o mercado esperava, apesar da relação dívida/PIB ter piorado. Vale a pena fazer essa distinção entre longo prazo e curto prazo justamente por conta da expectativa e mudança das regras fiscais", disse.

No ano, o superávit é de R$ 14,2 bilhões, contra déficit de R$ 635,9 bilhões no mesmo período do ano passado.

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