Mercado de quentinhas sofre com inflação de alimentos e do gás de cozinha
Reprodução/iG Minas Gerais
Mercado de quentinhas sofre com inflação de alimentos e do gás de cozinha

Vender quentinhas não é mais tão lucrativo, e autônomos já pensam em abandonar a atividade. Enquanto os preços dos alimentos e do botijão de gás não param de subir, o valor da refeição não pode aumentar para não afugentar a clientela.

O valor médio do botijão de 13 quilos ultrapassou a marca de cem reais em 19 estados, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). No ano, o GLP acumula alta de 34,36% no ano. Os alimentos também têm pressionado o bolso do consumidor: carnes (24,9%), aves e ovos (26,3%) e leite e derivados (9,0%) tiveram aumentos expressivos nos últimos 12 meses, terminados em setembro, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O comerciante Francisco Eudes Barbosa Lima, de 43 anos, precisou mudar o cardápio de suas quentinhas devido ao encarecimento das carnes. Antes, tinha alcatra, bife à milanesa, contrafilé. Agora, só carne de segunda.

"A gente trabalha porque tem que trabalhar. A inflação aumentou o preço de tudo, mas tenho que manter os preços de dois anos atrás porque, caso contrário, não vendo nada", desabafou.

A autônoma Elaine Moraes, de 43 anos, viu sua renda cair 30% por não poder repassar o aumento para os fregueses. Com número de pedidos menor, parou de trabalhar às segundas-feiras. Assim, pelo menos, não fica com quentinhas encalhadas em casa.

"Depois da pandemia, as coisas aumentaram, principalmente a carne bovina. Comecei a trabalhar mais com frango. Agora, até o frango está caro", reclama a empreendedora: "Não posso aumentar o preço porque tenho muita concorrência."

A analista do Sebrae Rio, Louise Nogueira, avalia que o cenário tende a permanecer ruim até o início de 2022. Com a reabertura de bares e restaurantes, muitos consumidores pararam de pedir quentinhas em casa. Além disso, muitos trabalhadores tiveram perda considerável da renda e, para cortar gastos, deixaram de consumir. Em paralelo á redução da demanda, há a alta dos insumos.

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"Sem melhora no curto prazo, a gente sugere diversificar o cardápio e procurar novos clientes. Vá a escritórios que voltaram ao presencial e apresente seu serviço", aconselha Louise.

Para deixar o negócio sustentável

Para saber se o negócio está sendo vantajoso ou se está dando prejuízo, o consultor de negócios e especialista em gestão empresarial do grupo GMA, Alexander Costa, recomenda ter uma planilha de controle financeiro, com gastos fixos e variáveis, além das entradas de recursos.

"Com estes dados, o empreendedor poderá calcular o fator ROI (retorno sobre investimento) e saberá o que vai receber de retorno. Por exemplo, se investiu mil reais em todo o insumo para produzir a quentinha e arrecadou R$ 5 mil, ele teve um retorno de R$ 4 mil. Então, deu lucro", explica.

Diante do cenário econômico adverso, Costa diz que é muito importante diminuir os gastos e aparar as contas. O especialista em finanças da Impacto Consultoria Financeira, Felipe Nogueira, concorda:

"Aproveite promoções, evite desperdícios e compras em excesso. Dê preferência para comprar semanal ou, no máximo, quinzenalmente, pois os preços variam muito."

A internet pode ser uma aliada na hora de conquistar novos clientes. O consultor empresarial e especialista em novos negócios da Solução Consultoria, Yan Yuri, defende que investir em marketing é necessário para quem quer continuar tendo lucro.

"Tente usar a internet a seu favor. Desde o ano passado, os processos de migração para os meios digitais dos micro e pequenos empreendedores cresceram 22%, segundo dados do Sebrae. E 60% dos que já utilizavam a internet, intensificaram as operações virtuais" lembra.

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