Dono de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, Paulo Guedes pode ter lucrado R$ 14 milhões com a valorização do dólar
Edu Andrade/Ascom/ME
Dono de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, Paulo Guedes pode ter lucrado R$ 14 milhões com a valorização do dólar

Dono de uma offshore no Caribe , o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode ter lucrado cerca de R$ 14 milhões com a valorização do dólar, somente durante o seu mandato à frente da pasta. Segundo a revista Piauí , em setembro de 2014, quando fundou a Dreadnoughts International, nas Ilhas Virgens Britânicas, Guedes tinha US$ 9,55 milhões. Esse montante correspondia a quase R$ 37 milhões quando foi nomeado para comandar a economia brasileira pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na época, a cotação do dólar era de R$ 3,85. No câmbio atual, cada moeda americana equivale a R$ 5,37. Assim, hoje, a Dreadnoughts vale cerca de R$ 51,3 milhões.

Vale lembrar que Paulo Guedes comanda um super ministério que reúne as antigas pastas da Fazenda, do Planejamento e do Comércio Exterior. Por isso, suas ações têm um impacto direto na cotação do dólar em real. Dessa forma, a desvalorização da nossa moeda frente à americana faz com que os investimentos do ministro no exterior valham mais.

A abertura de uma offshore ou mesmo de contas fora do país não é ilegal desde que o proprietário declare à Receita Federal e ao Banco Central o saldo mantido. Desde 2020, o limite mínimo de patrimônio mantido no exterior que deve ser declarado ao Conselho Monetário Nacional (CMN) é de US$ 1 milhão. Mas, no caso de servidores públicos, como Guedes, a situação é diferente. O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais. Como Guedes é ministro da Economia, sua offshore configura conflito de interesse.

Por infringir essa regra, Paulo Guedes poderia ser punido de diferentes formas, que vão desde uma leve advertência à recomendação de demissão. À Piauí, ele alegou ter informado sobre seus investimentos no exterior à Comissão de Ética Pública, como deve ser feito. O colegiado, no entanto, só julgou o caso dois anos e meio depois, em julho de 2020, e entendeu que não havia nenhuma irregularidade. Sendo assim, o caso foi arquivado. Procurada para responder mais esclarecimentos, a comissão justificou que as informações contidas no julgamento são sigilosas "em face dos dados sensíveis que delas constam - inclusive fiscais e bancários".

Ainda assim, a revelação da offshore levou o líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) a pedir uma ação de improbidade no Ministério Público contra o ministro da Economia . O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também deve ser investigado pelo mesmo motivo.

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