Procura por reserva de hotéis cresceu nas últimas semanas após aceleração da vacinação no Brasil
Divulgação Hotel Everest/Reprodução Trip Advisor
Procura por reserva de hotéis cresceu nas últimas semanas após aceleração da vacinação no Brasil

De acordo com o metabuscador de viagens Kayak, a procura de brasileiros por pousadas no site cresceu nove vezes mais de março para maio deste ano, enquanto as buscas por hotéis aumentaram oito vezes. O interesse pelas categorias hostel e aluguel de temporada também teve crescimento expressivo: de sete vezes mais neste período. Na Latam, os efeitos da vacinação, afirma a companhia, começaram a ser percebidos na lotação das aeronaves a partir de junho deste ano, quando a taxa de ocupação dos vosos domésticos ficou na casa dos 80%, depois de dois meses de forte retração por conta da segunda onda do vírus. Em julho, cresceu para 82%. Os dados demonstram a retomada do setor de turismo no país, que ocorreu também no Rio.

As médias da Latam são as mesmas quando considerados apenas voos domésticos com destino ao estado. Na capital, aliás, a ocupação de acomodações em julho, segundo a associação da indústria de hotéis, a ABIH-RJ, esteve entre 45% e 50%, enquanto em julho de 2019 a média de quartos ocupados girava em torno dos 57%.

"Nós tínhamos a expectativa de que, quando o avanço da vacinação acontecesse, haveria uma retomada forte do turismo. É claro que a imunização não alcançou ainda, na totalidade, o público-alvo, mas com a diminuição dos casos e o desejo das pessoas de viajar, que está represado há muito tempo, foi gerado um considerável aumento no fluxo de turistas", diz o secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca.

Se, em 2019, 11 milhões de brasileiros procuraram destinos internacionais em suas viagens, o fechamento das fronteiras para voos brasileiros redirecionou os viajantes neste ano. Tanto a Latam quanto a Gol afirmam que a retomada do hábito de viajar está se dando pelos destinos nacionais. E o presidente do Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio (HotéisRIO), Alfredo Lopes, acrescenta que tem sido mais comuns as viagens rodoviárias em núcleos familiares.

"Neste cenário, por aqui, os hotéis do interior do estado se destacam com as melhores ocupações, respeitando a capacidade permitida, nos fins de semana. E mesmo com a suspensão dos eventos corporativos, houve aumento na demanda durante a semana em função da suspensão das aulas e do trabalho remoto", afirma. 

Os destinos de inverno do estado registraram ocupação na casa de 60% a 70% em julho — resultado também de uma campanha digital feita pelo governo, chamada Férias RJ, para promover o turismo ao interior. Em Petrópolis, a ocupação chegou a 75%, mesmo índice alçando no município de Conservatória, no Vale do Café. Outras cidades também se destacaram, como Vassouras, que registrou 70%; Itatiaia, em Agulhas Negras, com 55%; e Teresópolis e Nova Friburgo, na Serra Verde Imperial, que marcaram, respectivamente, 50% e 37,5% de ocupação.

"O perfil do destino procurado pelo turista atualmente é de turismo ao ar livre, turismo de natureza. O Rio de Janeiro tem nos destinos do interior, especialmente da Serra, esses atrativos como vocação principal", conta Tutuca, secretário de Turismo, acreditando que trabalhar esses pontos pode ser uma boa estratégia para recuperar os índices do Turismo pré-pandemia.

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"A gente vai trabalhar muito no primeiro semestre de 2022, preparando essas cidades para receber com excelência os visitantes. Em paralelo, vamos continuar a divulgação do nosso portal de Turismo Consciente RJ, porque, neste momento, os protocolos sanitários são muito importantes para os viajantes", completa.

Hábitos de viajantes mudaram

No portal Turismo Consciente RJ, estão listados os prestadores de serviços (hóteis, bares e atrativos turísticos, entre outros) que se comprometeram com normas para a segurança dos funcionários e dos viajantes. O Airbnb, plataforma de hospedagem, reforça que aspectos de limpeza ganharam uma relevância ainda maior para os hóspedes na hora de programar viagens. E outros comportamentos também mudaram.

Os brasileiros têm procurado refúgio, mesmo quando ocupados. Devido à tendência de trabalho remoto, eles passaram a ter maior flexibilidade para viajar (neste ano, foram mais de 200 milhões de pesquisas com datas flexíveis). Achando uma boa estrutura para trabalhar (como wi-fi) na hospedagem, estão mais abertos sobre seus destinos (foram 94 mil cidades visitadas entre abril de 2020 e de 2021) e passam mais tempo fora de casa (reservas com 28 dias ou mais saltaram de 14% em 2019 para 24% no primeiro trimestre deste ano).

Para o movimento voltar a ser como era antes no setor de Turismo, ainda deve demorar.

"Normalidade no setor de turismo eu acredito que só haverá no segundo semestre de 2022. Mas tudo depende da imunização e do quanto a população aderir a ela", aponta Klaus Pereira, coordenador de MBA em Gestão de Negócios Ibmec/RJ.

A Latam espera retomar a oferta de assentos para o fim de 2022 aos 95% em relação ao mesmo período pré-pandemia. Para Alfredo Lopes, do HotéisRIO, o prazo para isso ocorrer é ainda maior.

"Temos conquistado retomada gradual, mas a recuperação integral está diretamente ligada à recuperação da economia. Então, é difícil precisar. Nossa estimativa é que seja em dois a quatro anos", afirma Lopes.

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