Um em cada nove é obrigado a viver com menos de R$ 250 mensais
ABRE/Divulgação
Um em cada nove é obrigado a viver com menos de R$ 250 mensais

Em meio à crise sanitária, os impactos econômicos da Covid-19 também são sentidos na pela por milhões de pessoas. Segundo o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a taxa de pobreza no Rio saltou de 6,4% para 10,65% durante a pandemia - ou seja, um a cada nove moradores do estado é obrigado a sobreviver com uma renda per capita de, no máximo, R$ 246 mensais . Hoje, são quase 1,9 milhão de cidadãos fluminenses nessa situação, um aumento de 745 mil novos pobres apenas entre o fim de 2019 e fevereiro deste ano.

Ana Paula Rodrigues Gama, de 46 anos, que teve a história contada pelo GLOBO nesta quinta-feira, é mais uma a engrossar essa estatística. Ela recebe R$ 264 do Bolsa Família para sustentar as duas filhas, com quem alterna a vida nas ruas do Centro do Rio por períodos em uma casa em condições precárias na comunidade do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. Fora isso, a única renda da família são os R$ 54 do cartão-alimentação entregue pela Prefeitura do Rio por cada uma das meninas, ambas matriculadas em escolas da rede. O valor substitui a merenda escolar em tempos de pandemia.

- Vale frisar que pessoas sem teto não são enxergadas nem pelas pesquisas domiciliares, que não captam bem esses grupos. E, em meio a um cenário já complicado, tivemos também uma redução expressiva, de 18,5%, na renda de trabalho formal ou informal, a maior parte disso por perda da ocupação, que deixa uma marca mais permanente na economia do estado. O fato é que o Rio deu um salto de pobreza durante a pandemia - explica Neri.

Já o professor da Uerj Bruno Sobral, coordenador da rede Pró-Rio, destaca que o problema, apesar de agravado no último ano, vem de longa data. Na última década, o estado do Rio registrou o maior índice de perda de emprego com carteira assinada do país.

- Além disso, nos últimos quatro anos o número de desabrigados também cresceu exponencialmente. E acrise atual, claro, impactou profundamente nesse quadro. Situações como a da Ana Paula acabam sendo só a ponta do iceberg, um exemplo ilustrativo de um problema muito maior - afirma o economista.

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