Segundo o colegiado, a empresa cometeu abuso de poder ao aplicar a pena de justa causa sem provas irrefutáveis de que a trabalhadora havia cometido crimes
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Segundo o colegiado, a empresa cometeu abuso de poder ao aplicar a pena de justa causa sem provas irrefutáveis de que a trabalhadora havia cometido crimes

A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a empresa "DLD Comércio Varejista Ltda", de Vitória (ES), a pagar R$ 3 mil de indenização a uma ex-funcionária. A Justiça considerou que a empresa cometeu abuso de poder ao aplicar a pena de justa causa sem provas irrefutáveis de que a trabalhadora havia cometido os atos de improbidade apontados.

Segundo o processo, a empresa teria apurado a conduta ilícita de uma empregada que utilizava o terminal da supervisora para cometer fraudes. Embora a supervisora tenha afirmado que não teve participação ou ciência dos atos da colega, a empresa sustentou que outras empregadas confirmaram que ela havia realizado inúmeras compras na loja forjando a assinatura de clientes.

O juízo de primeiro grau entendeu que as provas produzidas pela empresa não foram suficientes para comprovar a participação ativa da supervisora nas fraudes. Todavia, entendeu que o fato não tornaria a dispensa abusiva.  

A defesa da reclamante, diz que pelo simples fato de o empregador não ter conseguido comprovar a falta grave perante a Justiça do Trabalho, ficou constatado o abuso do direito pelo empregador. "Cabe a indenização por danos morais, já que estariam preenchidos os requisitos ensejadores da responsabilização civil do empregador pelo ato ilícito (abuso de direito): a) ato omissivo ou comissivo; b) nexo causal; c) dano moral; d) a culpa em sentido amplo (intencional = dolo) ou na forma restrita (negligência, imperícia ou imprudência)", diz trecho do processo.

O Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (ES) destacou que a empresa trouxe elementos para fundamentar a aplicação da penalidade, ainda que não tenham sido suficientes ao convencimento do juízo. Na avaliação do TRT, a punição foi precedida de diligências e apurações, o que demonstraria o zelo do empregador com a honra dos empregados envolvidos. 

A relatora do recurso da empregada, ministra Maria Helena Mallmann, lembrou que, de acordo com a jurisprudência do TST, a reversão da rescisão por justa causa em juízo, por si só, não acarreta o dever de reparação por danos morais.

Mas, a dispensa justificada em ato de improbidade não comprovado constitui exercício manifestamente excessivo do direito potestativo do empregador e configura ato ilícito atentatório à honra e à imagem do empregado. Consequentemente, há o dever de reparação por dano moral.

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