Ao analisar cada região do brasil, no Nordeste o rendimento médio é ainda menor do que o salário mínimo: R$ 619
Agência Brasil
Ao analisar cada região do brasil, no Nordeste o rendimento médio é ainda menor do que o salário mínimo: R$ 619

A renda média mensal de 60% dos trabalhadores brasileiros - o correspondente a 54 milhões de empregados com carteira assinada ou na informalidade - foi menor que um salário mínimo em 2018. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), que trata de todas as fontes de rendimento, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE.

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Segundo o documento, o rendimento médio real mensal recebido por esses trabalhadores , classificados como os 60% da população com os menores rendimentos, foi de R$ 928 no ano passado, o que corresponde a apenas a 40% da renda média de todos os trabalhadores ocupados, estimada em R$ 2.234. O valor é inferior do salário mínimo em 2018 (R$ 954).

Contraste entre regiões

De acordo com o IBGE, em relação a 2017, o rendimento ficou estável em todas as regiões do país. No entanto, há uma grande disparidade entre as regiões brasileiras. No Nordeste , o rendimento médio em 2018 foi de R$ 619, enquanto no Sul, foi de R$ 1.171, acima do salário mínimo naquele ano.

Um dos fatores que elevam a renda média brasileira é o rendimento dos mais ricos. Em 2018, o 1% da população mais rica - composta por cerca de 901 mil trabalhadores - cujo médio mensal era de R$ 27.477, recebia, em média, 33,8 vezes o rendimento da metade da população com os menores rendimentos (R$ 820). Essa é a maior diferença entre os grupos desde o início da pesquisa, em 2012.

Além disso, o rendimento daqueles que ganham mais é 180 vezes maior do que o dos trabalhadores que têm renda mais baixa.

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Crise impulsionou desigualdade

Um dos fatores que colabora para que a renda seja menor do que um salário mínimo é o crescimento do emprego informal, sem carteira assinada
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Um dos fatores que colabora para que a renda seja menor do que um salário mínimo é o crescimento do emprego informal, sem carteira assinada

Conforme o estudo, o movimento pode ser explicado pela crise econômica , que  impactou principalmente os rendimentos dos mais pobres, agravando o cenário de desigualdade no país. Entre 2013 e 2016, esse indicador apresentou uma trajetória descendente, atingindo um índice de 30,5 vezes. Desde então, a diferença de rendimentos entre os mais ricos e mais pobres voltou a crescer, atingindo o ápice em 2018.

Em meio a um cenário crescente da desigualdade em 2018, batendo o recorde na série histórica da pesquisa, realizada desde 2012,  o número de trabalhadores recebendo menos que um salário mínimo impressiona na região Nordeste. No ano passado, a renda média de 80% dos trabalhadores com menores rendimentos (R$ 798) era inferior a um salário mínimo.  Na região Sul, esse grupo de pessoas recebe R$ 1.465.

A legislação brasileira prevê um salário mínimo para os trabalhadores com carteira assinada . No entanto, o rendimento abaixo desse valor é possível entre a população com emprego informal e os trabalhadores por conta própria, como vendedores ambulantes e donos de pequenos negócios. Em 2018, o Brasil bateu o recorde de trabalhadores sem carteira assinada, atingindo 35,42 milhões de trabalhadores, em média.

Além da concentração entre os trabalhadores, a renda mostra-se concentrada também nos rendimentos familiares. Conforme o levantamento, a massa de rendimento médio real domiciliar per capita alcançou R$ 277,7 bilhões em 2018, ao passo que em 2017, esse valor foi de R$ R$ 264,9 bilhões.

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A parcela dos 10% com os menores rendimentos da população detinha 0,8% da massa, enquanto os 10% com os maiores rendimentos abocanhavam 43,1% desse total. Segundo o estudo, este último grupo possui uma parcela da massa de rendimento superior à dos 80% da população com os menores rendimentos (41,2%).

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