Falha no radar dos aeroportos de Congonhas (foto) e Cumbica afetou voos de vários terminais do País ainda neste sábado (21)
Paulo Pinto/Fotos Públicas
Falha no radar dos aeroportos de Congonhas (foto) e Cumbica afetou voos de vários terminais do País ainda neste sábado (21)

Uma falha no radar que paralisou os aeroportos de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, e de Cumbica, em Guarulhos, na região metropolitana da capital paulista, por quase uma hora na manhã desta sexta-feira (20) provocando atrasos e cancelamentos ainda causa transtornos para passageiros de vários lugares do País que tentavam embarcar neste sábado (21).

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Segundo a Infraero, a falha no radar que ajuda pilotos a realizar pousos e decolagens em segurança nos aeroportos de São Paulo também prejudicou voos em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba, entre outros. Na capital federal, por exemplo, apenas até às 16h desta sábado, 45 voos já estavam atrasados.

Por conta disso, longas filas de passageiros e algumas confusões foram registradas em vários aeroportos do País. Enquanto muita gente acabou tendo que dormir no saguão dos terminais, outros passageiros discutiram com funcionários das empresas aéreas que tentavam contornar a situação.

No total, mais de 500 voos sofreram atrasos e mais de 50 foram cancelados ontem por conta da falha no radar dos aeroportos de Congonhas e Cumbica . Curiosamente, já neste sábado, ambos os terminais informaram que operavam normalmente.

Segundo a Infraero, até às 16h, Congonhas não precisou cancelar nenhuma viagem e menos de 20% dos voos apresentaram algum atraso em grande parte porque a administração do aeroporto resolveu ampliar o horário de funcionamento normal das 23h para à 1h da madrugada para tentar regularizar a situação. No Rio de Janeiro, a administração do aeroporto de Santos Dumont, um dos mais afetados colateralmente, tomou a mesma medida, para evitar novos atrasos e cancelamento de voos .

Qual o motivo da falha no radar?

Aeroporto de Congonhas movimenta mais de 2 milhões de passageiros por dia e ficou paralisado por quase uma hora na manhã desta sexta-feira (20)
Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas
Aeroporto de Congonhas movimenta mais de 2 milhões de passageiros por dia e ficou paralisado por quase uma hora na manhã desta sexta-feira (20)

Segundo a Aeronáutica, que controla o sistema de radares aéreos usados nos aeroportos, apesar dos efeitos mais sentidos terem sido os derivados da paralisação que ocorreu das 10h46 às 11h32, a mesma falha também ocorreu das 23h30 da noite de quinta-feira (19) à 00h25 da madrugada de sexta-feira e, novamente, por volta das 4h30.

Ela teria sido causada por problemas no fornecimento de energia elétrica, mas especificamente por instabilidades causadas pela "transição do fornecimento de energia elétrica do abastecimento comercial para o do gerador próprio", sendo que a situação só foi normalizada por volta do meio dia de sexta-feira.

No entanto, a Eletropaulo, companhia de energia elétrica de São Paulo responsável pelo abastecimento da Área de Controle Terminal São Paulo (APP-SP), declarou apenas que "não detectou falhas no fornecimento de energia no endereço do radar".

De qualquer forma, tanto a Aeronáutica quanto a Infraero estão tratando o problema como um acontecimento pontual e fizeram questão de declarar que essa ocasião não tem a ver com o episódio do dia 16 de junho quando uma placa de telecomunicações de um gerador de energia ligado ao sistema de controle do radar queimou e precisou ser trocada provocando uma pane inesperada e sem precedentes no gerenciamento dos voos, que durou das 8h15 às 9h20.

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Nesse dia, o Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA) precisou tomar "ações de contingenciamento entre as aeronaves nas áreas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Campinas" pelo período de 55 minutos. Atitude repetida na manhã de ontem por outros 46 minutos.

Companhias aéreas preocupadas

Companhias aéreas estão preocupadas com a situação dos aeroportos brasileiros. Latam e Azul acumularam quase R$ 50 milhões em prejuízo no período da greve dos caminhoneiros
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Companhias aéreas estão preocupadas com a situação dos aeroportos brasileiros. Latam e Azul acumularam quase R$ 50 milhões em prejuízo no período da greve dos caminhoneiros

Diferente das autoridades, porém, as companhias aéreas estão preocupadas com a situação. Isso porque problemas como instabilidade no fornecimento de energia elétrica são muito pequenos para serem capazes de afetar uma estrutura básica de funcionamento da malha aeroviária do País, ainda mais considerando sua importância para a segurança dos voos.

As companhias aéreas aproveitaram a oportunidade para enumerar outros problemas semelhantes que aconteceram recentemente e reforçar que consideram insifuciente as respostas que a Aeronáutica vem dando para os problemas. Ela lembraram que, há menos de um mês, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) divulgou uma nota comentando o problema anterior no sistema de radares que alimenta os aeroportos de Congonhas, Cumbica e Viracopos, em Campinas.

As empresas ainda citaram que, em maio, um outro caso ficou mal explicado. Trata-se da falha no sistema de aproximação para pouso de precisão do aeroporto de Guarulhos, chamado de ILS (Instrument Landing System) que precisou passar por avaliação, manutenção e testes.

Na ocasião, pilotos e engenheiros chegaram a cogitar que o erro poderia ter sido causado por uma interferência magnética com sistemas dos trenas da linha 13-Jade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) que liga a capital paulista ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Hipótese que foi mais tarde descartada pelas autoridades da concessionária que administra o aeroporto, pela Aeronáutica e pela CPTM que atribuírama culpa a um nevoeiro.

Infraestrutura aeroportuária comprometida

Infraestrutura aeroportuária tem sido alvo de críticas nos últimos tempos conforme falhas, panes e problemas se repetem e se acumulam
Reprodução
Infraestrutura aeroportuária tem sido alvo de críticas nos últimos tempos conforme falhas, panes e problemas se repetem e se acumulam

Além das recorrentes falhas nos radares, outro sintoma de que a infraestrutura aeroportuária brasileira pode estar comprometida foi percebido durante a greve dos caminhoneiros que gerou uma crise de desabastecimento de combustível em vários dos principais aeroportos do País.

No auge da crise, mais de terminais de mais de dez capitais brasileiras ficaram sem combustível, isso porque os caminhões das distribuidoras aderiram à greve ou ficaram presos em bloqueios feito por outros motoristas nas estradas brasileiras. Dessa forma, a paralisação das estradas acabou afetando também a segunda opção de transporte de longas distâncias para os brasileiros.

No aeroporto de Brasília, por exemplo, um dos que mais sofreu os efeitos do desabastecimento, durante mais de um dia, só aeronaves que tivessem combustível suficiente para decolar novamente podiam fazer aterrizagens na pista.

Aeroportos como o de Cumbica, em Guarulhos, e o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, porém, não sofreram tanto com a greve isso porque ambos os terminais são abastecidos diretamente por oleodutos, ficando menos dependentes do transporte rodoviário de combustível. Em determinado momento, aeronaves-tanque foram abastecidas nesses aeroportos e enviadas para outras partes do País para manter a malha aeroportuária com o funcionamento mais próximo do normal.

Diante de tudo isso, as companhias aéreas acumularam prejuízos. A Azul, por exemplo, anunciou perdas em torno de R$ 50 milhões. Já a Latam registrou um desperdício de US$ 13 milhões, aproximadamente R$ 49 milhões por conta dos dias da greve dos caminhoneiros. Isso porque, além dos prejuízos da malha áerea, as empresas também têm custos com os passageiros em solo, como hospedagem, alimentação e remarcação de viagens.

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Agora, porém, com a recente falha no radar dos aeroportos de Congonhas e Cumbica, ainda não há uma estimativa do impacto financeiro que esse problema possa ter causado. Naquela ocasião como nessa, no entanto, a orientação é a mesma: que os passageiros que forem viajar nesses dias consultem com antecedência a situação dos seus voos e, claro, tenham uma dose extra de paciência.

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