Consumidora foi barrada na porta do bar Biri Nait, em SP, acusada de estar com calçado inadequado e depois pela roupa
Reprodução/Twitter
Consumidora foi barrada na porta do bar Biri Nait, em SP, acusada de estar com calçado inadequado e depois pela roupa

Uma consumidora que queria entrar no bar Biri Nait , no bairro de Pinheiros, em São Paulo, na última sexta-feira (18) foi barrada na porta do estabelecimento pelos seguranças por supostamente estar com calçados inadequados pela política do local. A cliente contestou o argumento mostrando que algumas de suas amigas – já do lado de dentro – também estavam com sandálias parecidas, quando ouviu da gerente que o seu modelo era " calçado de vó ".

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A partir daí, a gerente procurou por outras clientes que estavam com sandálias parecidas, chamadas de rasteirinhas, para retirar das dependências do estabelecimento. Outras duas meninas que acompanhavam a jovem barrada e que já estavam do lado de dentro foram convidadas a se retirar. Diante do constrangimento, todas as oito amigas que estavam no local resolveram pagar a conta do que já tinham consumido e ir embora.

Num outro bar da região para onde acabaram indo, foram bem recebidas. Expondo o ocorrido, os atendentes do novo local disseram "aqui podem entrar até descalças. Sejam bem vindas", relatou Bruna, uma das amigas que estava no grupo e que foi ouvida pela nossa reportagem.

A história, porém, não termina aí.

Discrimanção e ironia

Ainda indignada, algumas das jovens publicaram na função stories do Instagram tudo que tinha acontecido naquela noite marcando o perfil do bar. Elas esperavam um pedido de desculpas ou, na pior das hipóteses, serem ignoradas, mas a conta oficial do bar mandou um coração como resposta às críticas.

Diante disso, o caso ganhou ainda mais repercussão e as meninas resolveram republicar as imagens e fazer comentários no perfil das redes sociais do bar para que mais pessoas soubessem do que aconteceu. Já nesta segunda-feira (21), um dos sócios do bar, Caio Chedid, resolveu responder às mensagens.

Publicamente, o dono do estabelecimento defendeu a atitude da funcionária questionado retoricamente: "Bar de gente decente vai deixar nego entrar de chinelo?" Na sequência, diante dos questionamentos sobre a política do local, ele completou "quer ensinar o papa a rezar missa?"

O reforço da postura discriminatória fez com que centenas de usuários passassem a comentar nos posts do perfil do bar perguntando se poderiam usar diversos modelos de calçado e vestimentas nas dependências do bar. Diante do tamanho da polêmica, o sócio começou uma conversa com Bruna, a amiga que tomou a frente do protesto.

Na conversa, ele diz para encaminhar as reclamações para ele, por email, "mas direito. Com português bom. Sem chamar de parça ou falar 'que nem bandido'." Mais a frente, porém, se contradiz ao afirmar que "eu não tenho nada aver com o bar". Os prints da conversa foram publicados pelo usuário Bruno Predolim, um outro amigo da vítima, no Twitter.


O sócio, porém, sobe o tom da conversa pouco depois dizendo "você não sabe com que você tá se metendo" e recomenda "faz o que você acha que é certo, mas não se chega muito longe na vida dando barraco." Enquanto isso, a amiga da vítima aconselha: "Cara, numa boa? Melhor você parar."

Num outro momento da conversa, o sócio revela que a gerente foi punida: "a gerente foi advertida. Ela teve o bônus do dia cortado. Você sabia disso? Todos os barzinhos que são bar/balada tipo o Biri não deixam entrar chinelo. E a forma como ela falou 'de vó' foi errada e ela foi penalizada por isso."

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Ele também pede calma e aconselha "tenta fazer as coisas de um jeito civilizado que todo mundo sai ganhando. Protestar tem que ser feito, mas com educação. [...] Agora, de verdade, eu não tenho nada contra você. Odeio essas coisas de discussão por internet porque cada um interpreta do seu jeito, mas você já pensou como seria melho o mundo, ou somente o Brasil, se as pessoas tivessem um melhor diálogo dos dois lados?"

Você viu?

Questionada sobre a possibilidade de registrar um boletim de ocorrência ou tomar outras medidas legais, a vítima da discriminação respondeu através da amiga que vai pensar sobre isso, mas que já está "esperançosa" diante da repercussão.

Resposta oficial

Diante da polêmica, o perfil no Instagram do bar Biri Nait passou a enviar uma resposta padrão aos questionamentos feitos. Reproduzimo aqui abaixo, na íntegra, a resposta enviada para Bruna:

" Olá, Bruna!

Em nomo do Biri Nait pedimos desculpas pelo ocorrido.

Gostaria que considerasse apenas essa mensagem que estamos enviando como oficial em nome do Bar e não de terceiros que prestam serviços no nosso estabelecimento.

Sobre o ocorrido:

Temos uma orientação sobre o traje que é ou não permitido no Biri Nait e entendemos que o questionamento de vocês é sobre falta de critério. Quanto a isso iremos reforçar com a nossa equipe da operação para que sigam o direcionamento pré-determinado.

Quanto a tratativa de nossos funcionários, também iremos averiguar para que nada disso volte a acontecer.

Mais uma vez pedimos desculpas pelo ocorrido e ressaltamos que nosso direcionamento é sempre tratarmos os clientes com respeito e educação.

Para mais informações e se quiserem destacar algum outro ocorrido, por favor entrem em contato via reservas@birinait.com.br .

Desde já nos colocamos à disposição para recebermos perguntas ou sugestões de vocês pois isso nos ajuda com a melhoria contínua do bar.

E, caso queiram, podemos recebê-los quando quiserem como convidados para que não fiquem com uma má impressão da casa.

Estamos à disposição!

Att,

Bar Biri Nait "

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