Maior parte dos brasileiros pretende presentear as mães com roupas, sapatos e acessórios de vestuário em geral. Mas será que isso realmente agrada elas?
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Maior parte dos brasileiros pretende presentear as mães com roupas, sapatos e acessórios de vestuário em geral. Mas será que isso realmente agrada elas?

Entra ano, sai ano e a data não muda: o segundo domingo de maio continua sendo o Dia das Mães.  Mas nem mesmo a previsibilidade do calendário parece suficiente para muita gente que não consegue se organizar a tempo e continua deixando a busca pelo presente ideal para a última hora.

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No meio da correria, parece que saber o que dar de presente e quanto podemos gastar se torna ainda mais difícil. Por isso reunimos uma série de dicas e pesquisas que indicam quais são os presentes mais escolhidos pelos filhos brasileiros, quais os presentes mais cobiçados pelas mamães, quanto cada um está gastando com o mimo e até como economizar mesmo comprando em cima da hora.

Dia das Mães ou Dia do Comércio?

Além de ser uma data especial para mães e filhos, o Dia das Mães também passou a ser muito aguardado pelos comerciantes varejistas em geral. A ocasião já superou outras datas como o Dia dos Namorados, o Dia das Crianças e a própria Páscoa, se tornando o segundo momento do ano em que as vendas nas lojas mais crescem perdendo apenas, é claro, para o Natal.

Mas considerando que lá em dezembro, os gastos podem ser turbinados com rendas extras como o décimo terceiro salário, em maio, a ansiedade para saber se os consumidores estão com dinheiro no bolso ou não para gastar é maior ainda. Nesse sentido, um levantamento realizado pela Boa Vista SCPC trouxe boas notícias a todos os envolvidos: as vendas de 2018 devem apresentar crescimento entre 4,5% e 5% em relação ao registrado no ano passado.

O índice enche o comércio de otimismo. Se as previsões se confirmarem conforme os dados forem se consolidando nas próximas semanas após o fechamento das vendas, além de mostrar um crescimento bastante superior ao 1,6% de 2017, esse será o segundo ano consecutivo que o índice cresce depois de retrações de 4,6% em 2016 e 1,2% em 2015.

Para atingir todo esse potencial, porém, os lojistas vão precisar se esforçar. Isso porque o cenário de crise dos últimos anos gerou dois efeitos sobre os consumidores. O professor de Economia do Ibmec/SP, Walter Franco, explicou que depois de conviver com um período recessivo muito severo, "muitos consumidores 'represaram' suas compras, atrasando o desejo de consumo ou de presentear com itens mais caros", por isso uma parcela significativa está disposta a gastar mais esse ano. Por outro lado, uma parte percebeu que não precisa gastar tanto para dar um bom presente.

Uma segunda pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos em todas as regiões do país também indicou que 51% dos consumidores têm intenção de presentear as mães esse ano, contra 47% na sondagem do ano passado. Em comparação, os que não deverão comprar nada esse ano somaram 46%, ante 49% em 2017.

Mas a pesquisa também revelou que o percentual de indecisos sobre o que dar de presente aumentou de 26% para 29% em um ano, o que, segundo o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, indica que a concorrência entre os setores está maior e que "é essencial que os lojistas façam liquidações, promoções e divulguem boas ofertas, para atrair a atenção desses consumidores que ainda não sabem o que vão comprar."

O que dar de presente no Dia das Mães?

Vestuários são as opções mais comuns de presente dos filhos para as mães, mas também podem desagradar
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Vestuários são as opções mais comuns de presente dos filhos para as mães, mas também podem desagradar

Se a parcela de indecisos aumentou esse ano, o mesmo levantamento também cogitou algumas hipóteses de presente e concluiu que a proximidade com o inverno vai afetar as vendas "mesmo que o frio não venha até o Dia das Mães, as áreas de vestuário e calçados serão as mais beneficiadas ― são os produtos que lideram a lista de presentes da nossa pesquisa", revela Burti.

O índice de pessoas que responderam que deverão dar alguma roupa, calçado, bolsa ou outro acessório de vestuário de presente pulou de 34% em 2017 para 39% em 2018. Jóias , bijuterias, perfumes e cosméticos permaneceram numa distante segunda colocação nas escolhas dos brasileiros com uma variação de 23% no ano passado para 22% nesse ano.

Mas foi a distribuição dos demais itens de preferência da pesquisa que ganhou destaque de Alencar Burti e levou o presidente a garantir: "o consumidor está propenso a gastar um pouco mais neste Dia das Mães." A análise se deve à queda significativa nas intenções de compras das chamadas "lembrancinhas" como flores (de 9% para 6%) e chocolates (de 2% para 0%) nesse ano frente ao aumento na intenção de presentes mais caros como eletrodomésticos (de 4% para 6%).

O professor Walter Franco, no entanto, adiciona mais uma hipótese para explicar o aumento nas intenções de compra de eletrodomésticos. Segundo ele, itens como "geladeira, fogão, máquina de lavar normalmente são o carro-chefe  das vendas no Dia das Mães", mas nesse ano um evento em especial pode impulsionar as vendas dessa categoria: a Copa do Mundo.

"Neste ano de 2018, podemos até esperar que, em razão da proximidade com a Copa, ocorra um movimento natural de expansão das vendas de televisores e itens ligados a este tipo de eletrodomésticos e entretenimento, num desempenho coordenado de vendas conjuntas do presente da mãe com a TV nova para a Copa. O que pode fomentar os número como um todo", avaliou o professor Walter Franco.

Mas será que as mulheres realmente gostam de ganhar eletrodomésticos de presente no Dia das Mães? A resposta mais justa é: depende.

O que não dar de presente no Dia das Mães?

No geral, o item eletrodomésticos foi o mais rejeitado pelas 1026 mães entrevistadas na pesquisa realizada pela Alexandria Big Data, uma empresa de tecnologia que alia Inteligência Artificial e Big Data para obter informações segmentadas sobre o mercado e consumidores. No geral, 31% disseram que não escolheriam um eletrodoméstico para ganhar de presente no Dia das Mães.

Há, porém, uma diferença considerável no índice de rejeição dos eletrodomésticos quando comparamos as faixas de renda. Enquanto 59% das mães de classe A rejeitam essa opção, apenas 12% das mães de classe D e E não gostariam de ganhar um aparelho desse tipo.

O presidente da Alexandria Big Data, Federico Sader, avalia que essa diferença se deve ao fato de que “essas categorias já foram mais desejadas quando as mulheres eram as únicas responsáveis pelo lar. Com as mudanças nesse comportamento, essas categorias estão mais relacionadas à família e deixam de ser um artigo de presente para as mulheres. Vemos isso acontecer desde 2004. Mas a mudança chega mais devagar nas famílias de renda mais baixa.”

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Sader também destacou outro ponto importante da pesquisa: o crescimento no número de mães que gostariam de ganhar experiências ao invés de produtos. Ele destaca que “a categoria ganhou mais votos na classe A, mas ela aparece em todas as classes, numa média de 20%, mostrando que empresas de serviços, como agências de turismo e salão de beleza, por exemplo, podem se beneficiar se criarem ações e pacotes específicos para a data”, concluiu.

Já os itens de vestuário também chamaram a atenção por outros motivos. Como vimos acima, muitos filhos tendem a presentear as mães com roupas, calçados ou bolsas (39%), talvez cientes de que essa categoria é, de fato, a favorita de 37% das mães.

O que eles talvez não saibam é que o item também desperta bastante rejeição. Na pesquisa 30% respondeu que não gostaria de ganhar uma peça de roupa ou um sapato. Sendo assim, é melhor se certificiar de qual grupo sua mãe faz parte antes de ir às compras.

Por fim, os cosméticos, sempre tão lembrados nessa data, foram citados por apenas 25% das mulheres entrevistadas como melhor opção de presente. Um índice bem menor do que os 58,9% mencionados quando a pesquisa perguntou quais as marcas mais lembradas nessa data.

"Há um desequilíbrio entre lembrança de marca e o que as mães realmente querem ganhar. A nossa pesquisa mostrou que as mães querem ganhar, principalmente, roupa, sapato, bolsa, bijuterias/joias. Enxergamos uma grande oportunidade para marcas dessas categorias conquistarem mercado nessa data se conseguirem realizar uma comunicação eficiente", destaca o presidente do Alexandria Big Data, Federico Sader.

Quanto gastar no presente de Dia das Mães?

Consumidores estão dispostos a gastar R$ 108, em média, com o presente de Dia das Mães
Alisson Gontijo/08.11.2010
Consumidores estão dispostos a gastar R$ 108, em média, com o presente de Dia das Mães

Mas se a dúvida não for sobre o que dar de presente e sim sobre quanto gastar no presente, duas pesquisas deram uma ideia de quanto os consumidores estão dispostos a desembolsar esse ano. Segundo a pesquisa encomendada pelo Mercado Livre ao Ibope Conecta, 38% dos filhos pretendem gastar entre R$ 50 e R$ 100 este ano.

Uma segunda parcela de 35% também bastante representativa está disposta a gastar um pouco mais: de R$ 100 a R$ 250. 12% pretendem investir entre R$ 250 e R$ 350 no presente e outros 12% entre R$ 350 e R$ 1.000. Só 3% vão gastar mais do que isso.

Já segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), os brasileiros pretendem gastar, em média, R$ 108 com presente do Dia das Mães . O valor é 11% maior em relação à data em 2017, quando o consumidor estava disposto a gastar cerca de R$ 98 na segunda data mais importante para o comércio brasileiro.

A coordenadora da Sondagem do Consumidor do Ibre, Viviane Seda, explicou que a diferença de R$ 10 entre os dois anos é resultado de uma melhoria das expectativas em relação à situação financeira familiar. A especialista destacou que o aumento do valor médio de expectativa de gasto aconteceu em todas as faixas de renda.

Para se ter uma ideia, os consumidores com maior poder aquisitivo, cuja renda familiar é superior a R$ 9,6 mil, pretendem gastar, em média, R$ 180 na data. No ano passado, a marca foi de R$ 164 nesse grupo. Já entre as pessoas que contam com uma renda familiar mais limitada, de até R$ 2,1 mil por mês, a ideia é gastar por volta de R$ 63 na hora de presentear as mães, R$ 12 a mais do que em 2017.

Como economizar no presente de última hora?

De qualquer forma, deixar para comprar o presente na última hora nunca será a opção mais econômica, mas mesmo assim existem técnicas que podem ser utilizadas para conseguir um desconto.

O coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira, deixou claro que pesquisar com antecedência aumenta a chance de conseguir comparar os preços e obter benefícios, ainda assim "em tempos de crise, sempre vale negociar um desconto. Caso você não tenha como pagar o valor total e escolher parcelar a compra no cartão de crédito, evite parcelas com juros. Se vier a parcelar, porém, lembre-se que você corre o risco de ter o salário comprometido quando a próxima comemoração chegar", aponta.

Ciente disso, a pesquisa do Ibope Conecta apontou que 65% dos consumidores preferem pagar o presente à vista, e o meio preferido para pagamento é o cartão de crédito (61%), o boleto bancário vem na segunda posição, mas bem atrás com apenas 27%.

Porém, o simples fato de pagar o presente em dinheiro pode trazer bastante economia para os consumidores. Isso porque o fato do lojista pegar o valor "na mão" corta uma série de intermediários, como as maquininhas de cartão de crédito, que consomem uma parte do valor do produto. Sendo assim, pense se não vale a pena ir até um caixa eletrônico ou uma agência bancária e sacar o dinheiro antes de efetuar a compra.

Sacando apenas o dinheiro que você está disposto a pagar no presente também ajuda para que você não caia na tentação de extrapolar seu limite com o cartão de crédito. O professor de Economia da FGV, Walter Franco, reforça essa hipótese dizendo para os consumidores terem "cuidado com os juros e prazos muito longos que comprometam a renda por muito tempo. Busque parcelamentos efetivamente sem acréscimo sobre o preço orifinal e compre apenas o que precisa. Não saia comprando muitos itens além do objetivo do presente." 

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Afinal de contas, assim você evita que o Dia das Mães acabe e as prestações não.

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