Brasil Econômico

Abrir um negócio é complicado, mas mantê-lo pode ser uma tarefa ainda mais desafiadora para o empresário. Afinal, sobreviver até o empreendedorismo começar a gerar lucro exige rotinas exaustivas e superações diárias de problemas, questões, e até mesmo de pensamentos de desistência. Após isso, demandas de inovação e reinvenção começam a surgir, e se você não as atende, novos pensamentos de desistência podem vir a calhar.

Leia também: Startup Embodied Intelligence desenvolve robôs ensináveis; veja

Empreendedorismo:
shutterstock
Empreendedorismo: "o diferencial foi que o Mercado Livre focou desde o começo em suas vantagens competitivas, como o sistema de pagamento próprio que desenvolveu, o MercadoPago"

Com exemplos reais, o CEO da MaxMilhas, Max Oliveira, compartilha cinco ensinamentos de empreendedorismo que aprendeu durante o "Executive Program for Growing Companies" (EPGC - Programa Executivo para Empresas em Crescimento) que aconteceu na Universidade de Stanford. O CEO costuma dizer que empreender tem muito mais a ver com a atitude do que com o currículo. Confira as ideias:

1.     Pessoas inteligentes estão sempre certas. Pessoas excepcionais sabem quando estão erradas

Ter pessoas muito inteligentes no comando, que não enxergam erros em potencial pode fazer com que decisões equivocadas sejam tomadas. Como exemplo, o CEO cita a extinta locadora de filmes Blockbuster, que teve a oportunidade de comprar o Netflix – quando era pequena – por alguns milhões de dólares, mas que não fechou negócio porque acreditava na imponência do seu mercado de DVDs, se fechando a outras perspectivas.

Oliveira avalia que existem dois possíveis cenários em que as empresas estão inseridas. O primeiro é um ambiente estruturado, no qual você conhece os competidores e quais ações eles podem tomar. Enquanto que o segundo é um ambiente não estruturado, em que há muitas mudanças, que acarretam em incertezas sobre o empreendedor, como quem serão os próximos concorrentes, qual será a próxima inovação e se haverá chances no mercado.

2.     “Não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes. São as mais adaptáveis às mudanças”

A frase de Charles Darwin resultada pela análise das espécies é compatível às empresas, diz Oliveira. “Empresas que vivem há mais de 100 anos comprovam isso: General Eletric, 125 anos atuando em diversos setores; Ball Corporation, com 134 anos, já passou por madeira, vidro, Aerospace e metal, se reinventando toda vez que seu começou a estagnar; além da WWP – Wire & Plastic Products, fundada em 1985, que mudou de plástico para publicidade e, atualmente é um dos maiores grupos do setor do mundo, com mais de R$ 10 bilhões de faturamento anual”.

E o segredo dessa longa trajetória, segundo o CEO, é que elas tiveram a capacidade de responder rápido às mudanças do mercado, e sempre atualizando o modelo de negócio ao longo do tempo. O sistema é dinâmico, e é essencial ter a capacidade de se adaptar a cada transformação, e também se antecipar a casa mudança.

Leia também: Empreender fica mais fácil após a leitura desses cinco livros; vejam quais

Você viu?

3.     Descoberta supera planejamento

É comum analistas de empreendedorismo avaliarem cada passo de uma empresa de sucesso como se cada etapa ultrapassada fosse algo totalmente planejado. Um dos estudos mais famosos da Universidade de Harvard é sobre a expansão da Honda – empresa japonesa de carros – para os EUA na cidade de Los Angeles, que foi fundamental para o seu sucesso.

Em vez das estratégias mais mirabolantes, os pesquisadores descobriram durante uma conversa com o responsável pela decisão, que a Honda foi para LA simplesmente porque era nessa cidade que o barco do Japão chegava nos EUA.

A gigantesca Apple criou o iTunes para ganhar mais market share em seus desktops , que na época tinham apenas 3% do mercado. Mas o que aconteceu foi que o iTunes virou um produto em si, chamado iPod. Lembra? Ou seja, a missão inicial foi falha e o sucesso veio apenas quando a Apple conseguiu aproveitar as descobertas que tiveram, sem o planejamento inicial.

4.     Entenda as suas vantagens competitivas

“Conhece o DeRemate? E o Mercado Livre?”, questiona oliveira, e quer saber por que você apenas conhece o último nome? Segundo Max Oliveira, o diferencial foi que o Mercado Livre focou desde o começo em suas vantagens competitivas, como o sistema de pagamento próprio que desenvolveu, o MercadoPago.

Em contrapartida, o DeRemate procurou apenas expandir a base de usuários em aquisições sem focar em uma vantagem competitiva específica. “O fim dessa história? Mercado Livre adquiriu o DeRemate em 2008 após alguns anos de resultado superiores e se consolidou como maior marketplace de compra e venda da América Latina”.

O Dropbox e o Syncplicity surgiram praticamente juntos, com acesso a investimentos. O curioso é que o Syncplicity tinha o melhor produto – maior espaço de utilização, etc., mas foi o Dropbox quem ganhou a corrida do mercado.

Leia também: Recolocação: profissionais omitem dados e aceitam ganhar menos, aponta pesquisa

5.     “Cultura devora estratégia de café da manhã, almoço e jantar”

A frase de Peter Drucker quer dizer que a estratégia, por melhor que ela seja, sem uma cultura adequada não adianta de nada. A estratégia, diz Oliveira, pode ser facilmente copiada por uma empresa, enquanto que a cultura não.

“A cultura é um conjunto de comportamentos esperados, podemos medi-los e treinar as pessoas para eles, e esse é um grande desafio nas empresas”. Para concluir o CEO diz que a adaptação cultural de todos os colaboradores na organização é o que gera o tom para a construção da confiança e execução da estratégia, o que possibilita a alta performance do empreendedorismo.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!