Comércio varejista brasileiro deve ter alta de 4,3% nas vendas de Natal
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Comércio varejista brasileiro deve ter alta de 4,3% nas vendas de Natal

Cerca de 73 mil devem ser contratadas para as festas de fim de ano. Este número representa uma alta de 10% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram geradas 66,7 mil vagas temporárias de emprego. A estimativa foi divulgada nesta quarta-feira (27), no Rio de Janeiro, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

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De acordo com o chefe da Divisão Econômica da CNC, Fabio Bentes, a previsão de contratações do comércio considera o histórico do ano, “no qual todas as datas comemorativas registraram alta depois de dois anos”. Bentes disse acreditar que tal cenário deve perdurar até dezembro. “É aumento das vendas mesmo”, explica. 

Vários fatores influenciam na decisão da CNC de projetar um aumento de 4,3% nas vendas de Natal. Entre eles está quadro de inflação baixa, juros em queda, retomada gradual do emprego e confiança das famílias. Essa alta representa uma movimentação financeira de R$ 34,3 bilhões até dezembro. “Isso faz com que tenhamos no Natal, que é a data mais importante para o varejo, uma alta também depois de dois anos de queda nas vendas”, informou o economista.

Para Bentes, o emprego temporário é uma espécie de aposta que o varejista faz no Natal, porque não pode deixar para contratar em cima da hora. Por conta isso, a própria contratação do trabalhador temporário é uma percepção mais favorável para o Natal deste ano em relação ao do ano passado, acrescentou.

A CNC trabalha com estimativas de elevação de 2,2% nas vendas em 2017. Bentes lembrou que o início do ano não foi bom e que, no primeiro trimestre, houve queda nas vendas. Nos últimos cinco meses, entretanto, as vendas no varejo aumentaram na comparação com igual período de 2016.

“Já há uma recuperação, embora simbólica, no varejo. A gente não espera alta muito significativa daí para a frente, mas em segmentos importantes para o varejo, como vestuário, as vendas estão crescendo 10% na média dos últimos quatro meses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, destacou.

Setores

Um dos setores que mais crescem com o Natal é o de vestuário. As vendas crescem mais de 80% em dezembro frente ao mês anterior. Bentes diz que o vestuário é o mais democrático dos segmentos, porque engloba desde a lembrancinha adquirida em lojas populares até produtos de marca, mais caros. Se isso ocorre nas vendas, acaba replicando também no emprego, demandando mão de obra em dezembro.

Entre os segmentos que devem concentrar os maiores volumes de contratação, também está o de hiper e supermercados, que responde por 30% do varejo e foi afetado positivamente este ano pelo dólar baixo e pelos preços em queda dos alimentos. “O consumidor, dificilmente, este ano, vai se assustar com o preço de produto importado. E alimento tem ajudado a preservar um pouco o bolso, o que ajuda o segmento e o próprio varejo como um todo. Alimento é quase tarifa. Consegue-se adiar a compra do carro; mas ninguém deixa de comer”, disse Bentes.

Ainda segundo a CNC, além de serem os grandes empregadores do varejo, concentrando juntos por 42% da força de trabalho do setor, vestuário e hiper e supermercados costumam responder, em média, por 60% das vendas natalinas.

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A queda do dólar também tem impactado positivamente o comércio, caindo em média 10% em relação ao ano passado, afirmou Bentes. Com isso, o varejo foi capaz de fazer estoque a preços mais competitivos, importar produtos típicos do mês (de dezembro) e colocar preços mais atraentes na prateleira. “O dólar não contaminou negativamente o Natal deste ano”, esclareceu.

O pagamento do bônus do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), segundo o economista, ajudou o varejo no período de março a julho. O especialista, porém, afirmou que o que tende a ajudar o setor daqui para frente é a reativação do emprego, inclusive pelo próprio comércio, com a contratação de temporários para o fim de ano.

Contratação efetiva

A efetivação de uma parcela significativa dos 73 mil postos temporários que serão criado para o fim de ano é vista como algo possível por Bentes. Nos chamados “anos bons”, como 2010 e 2014, quando o varejo estava muito bem, mais de 30% dos temporários acabaram sendo contratados. Nos dois últimos anos, contudo, as vendas caíram, resultando em queda no total de 10% no Natal, o que fez com que a taxa de efetivação não chegasse a 15% das vagas temporárias.

Neste ano, a CNC espera taxa de contratação na casa de 27%, “porque a perspectiva para 2018, não só pelo lado do Produto Interno Bruto [PIB], mas do próprio emprego e das vendas do varejo, é mais favorável do que foi em 2017”. Por isso, a tendência é ter uma taxa de absorção dos temporários após o Natal deste ano mais alta do que no Natal dos dois últimos anos.

O salário médio de admissão dos temporários deve ficar em R$ 1.191, com elevação de 7,1%, em termos nominais, na comparação com os valores do mesmo período do ano passado. O maior salário de admissão deverá ocorrer no ramo de artigos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos, estimado em R$ 1.446.

Confiança do comércio

No mesmo dia em que foram divulgadas as estimativas da CNC, também foi lançado o Índice de Confiança do Comércio (ICOM), da Fundação Getulio Vargas. O levantamento vai ao encontro das afirmações de Bentes, tendo avançado 6,8 pontos em setembro e atingido 89,2 pontos. A melhora aconteceu apéos quatro meses de quedas consecutivas.

"A queda da confiança nos meses anteriores havia refletido o aumento da incerteza com a crise política de maio, e mais recentemente, a preocupação coma sustentação das vendas após o fim do período de liberação de recursos do FGTS. O bom resultado de setembro mostra que este momento já passou e o setor retoma a tendência de alta da confiança que vinha apresentando nos primeiros meses do ano", afirma Aloisio Campelo Jr., Superintendente de Estatísticas Públicas da FGV IBRE.

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O aumento no índice aconteceu de maneira disseminada entre os 13 segmentos avaliados no comércio. A alta ocorreu tanto nas expectativas quanto no que diz respeito à situação atual. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) cresceu 6,5 pontos, chegando a 83,9 pontosm, enquanto Índice de Expectativas (IE-COM) avançou 7,0 pontos ficando em 95,1 pontos.

*Com informações da Agência Brasil

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