Com a expansão de informações sobre a indústria alimentícia e sobre os processos que envolvem o setor agropecuário, os adeptos da causa vegetariana passaram a crescer mundialmente. De acordo com uma pesquisa do Datafolha realizada em janeiro deste ano, cerca de 63% dos brasileiros desejam reduzir o consumo de carne . Tal dado tem impulsionado o surgimento de estabelecimentos vegetarianos em diferentes regiões do País, evidenciando que atender as demandas daqueles que não consomem alimentos de origem animal é tão importante quanto à dos demais consumidores.

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O empreendedor interessado em investir em estabelecimentos vegetarianos pode se inspirar em alguns cases de sucessos ilustrados nesta matéria do Brasil Econômico. Além de atender a um público crescente e exigente, esses empresários afirmaram que as operações têm alta lucratividade. Confira:

Hareburger

Hareburger inaugura um de seus estabelecimentos vegetarianos em São Paulo
Reprodução/Hareburger
Hareburger inaugura um de seus estabelecimentos vegetarianos em São Paulo

Originário das areias cariocas, o HareBurger , criado em 2006 por Rafael Krás abriu as portas do primeiro fast food vegetariano do mundo no mês de julho, em São Paulo. Localizado em Pinheiros, por ser um bairro que lança tendências, o Hare, como é carinhosamente conhecido, conta com um menu diversificado e divertido, por conta dos nomes psicodélicos de seus pratos.

De acordo com Krás, o “Quinoa Solar Vegano”, hambúrguer de quinoa, grãos e batata doce, o “Big Hare”, lanche com dois hambúrgueres e queijo cheddar e a coxinha de jaca têm sido os queridinhos dos paulistanos. O cardápio também conta com sobremesas, como brownies, sorvetes e cookies, além de sucos, sopas e saladas.

Em relação aos clientes, Rafael afirma que em sua grande maioria são carnívoros, o que acredita ser devido um movimento crescente em relação a uma sociedade mais consciente com suas atitudes e alimentação. Para ele, o Hareburger incentiva a redução no consumo de carne por meio de seu atendimento, além da parceria com a Ampara, onde potencializam a adoção de animais e o vínculo afetivo com os mesmos.

“Acreditamos que a mudança é algo muito interno e que deve ser uma decisão exclusivamente de cada um. O Hareburger nasceu em 2006, numa época em que se tinha muito preconceito com alimentação vegetariana. Atualmente, a cabeça das pessoas é outra. Vivemos uma verdadeira mudança de conceito do que é a realidade e o Hare tem se apresentado como uma opção amigável para esse processo sustentável” ressalta Krás.

No Bones

Carré de Quinoa e Shimeji
Reprodução/No Bones
Carré de Quinoa e Shimeji

Você já se deparou com um açougue sem carne? Se a resposta tiver sido negativa, saiba que em Perdizes, zona nobre de São Paulo, isso já é possível. Criado no final do ano passado pelo casal Marcella Izzo e Brunno Barbosa, o No Bones  surgiu pelo gosto de Marcella pela cozinha. Vegetariana, a sócia do primeiro açougue vegano do Estado de São Paulo conta que fazia sua própria proteína em casa, e que depois dos elogios que recebeu vendendo suas receitas por encomenda, resolveu investir em um negócio.

Como ela e o noivo já moravam em Perdizes, escolher a localização do No Bones não foi difícil, já que uma das vontades do casal era abrir um daqueles açougues tradicionais de bairro. Marcella diz que no início recebeu muitas críticas por criar alimentos esteticamente parecidos com carne, mas que via como inovador usar do “ appetite appeal ” dos produtos para atrair pessoas que também comem carne. Atualmente, 50% dos clientes do local são carnívoros.

“Essa é a nossa missão. Diminuir o consumo de carne no Brasil. No exterior essas comidas são conhecidas como "fake meats", e é normal encontrar em qualquer supermercado. Aqui no Brasil, isso é muito novo ainda, por isso sempre há o preconceito. Mas creio que estamos quebrando barreiras quanto a isso”, explica.

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No que se diz respeito à concorrência, a sócia do açougue ressalta ficar feliz ao ver esse crescimento em prol de uma alimentação mais saudável e sem crueldade. Para Marcella, o diferencial do seu negócio está na variedade de produtos, que vão desde salsichas de tomate seco até espetinhos para churrasco, salgados e cervejas artesanais. “Ser um pequeno empreendedor no Brasil é caro, mas fazemos tudo com qualidade. A gente busca se destacar pelo sabor. Se não for gostoso o cliente não volta, e se ele está em transição, muitas vezes acaba desistindo”.

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Veggie Raw Burger N Bar

Lanche Mushies and Bushies
Reprodução/Veggie
Lanche Mushies and Bushies

Criado como uma extensão da casa de hambúrgueres Raw Burger N Bar, o Veggie Raw Burger N Bar , localizado na Rua Augusta, tem como ingredientes principais, cogumelos, grãos e legumes. Os sócios Rudney Marcondes e Tiago Ishikawa se uniram a mais dois parceiros a fim de fazer algo novo para o público que não come carne.

Para Rudney, o principal objetivo com a hamburgueria vegetariana era criar um ambiente descontraído e moderno, com bar, burgers e um clima agradável para uma conversa entre amigos, assim como a unidade da Vila Madalena. “O Burger de cogumelos, mashies & bushies e o bolinho de espinafre com  ricota e chia são um sucesso”, comenta sobre a preferencia dos clientes.

Marcondes afirma que a Rua Augusta (SP) como local para a hamburgueria foi uma escolha estratégica, por conter o maior número de estabelecimentos voltados para a gastronomia vegetariana.  Aberta há somente dois meses, a Veggie Raw Burger N Bar têm os custos balanceados como estabelecimentos que servem produtos de origem animal, pela quantidade de ingredientes e mão de obra, necessários na produção dos pratos exclusivos do local.

“Buscamos oferecer aos vegetarianos ou para aqueles que simplesmente não querem comer carne um serviço diferenciado, os tratando com o devido respeito e atenção. Pensamos muito na excelência do sabor na hora de criarmos as receitas, não se trata somente de fritar um pedaço de queijo ou empanar legumes”, expõe.

Veggie Café

O famoso cheese cake vegano do Veggie Café
Reprodução/Veggie Café
O famoso cheese cake vegano do Veggie Café

Fundado por Carolina Carvalho no ano passado, o Veggie Café fica em Santana, zona Norte de São Paulo.  Localizado em um prédio comercial, a captação de clientes é potencializada pelas visitas para o tão esperado cafézinho da tarde no meio do expediente dos trabalhadores.

Ao contrário do nome, o local possui um cardápio variado, com pratos salgados, como a feijoada vegetariana, sobremesas, como o cheese cake vegano e o bolo de brigadeiro com morangos, lanches, como o hambúrguer agridoce e os tradicionais cafés, sendo o “paçocafé” o queridinho dos consumidores.

O Veggie Café também conta com uma equipe treinada para orientar e explicar sobre os benefícios de uma alimentação vegetariana, seja para quem a consome, para o meio ambiente e para o planeta como um todo. Além disso, possui convênio com a Sociedade Vegetariana Brasileira, apoia a campanha segunda sem carne e desenvolve projetos em parcerias com ongs, especialmente a ONG Canto da Terra.

Para Carolina, os gastos com estabelecimentos vegetarianos são mais altos e os produtos são mais difíceis de serem encontrados, entretanto, tudo é compensado com a fomentação da saúde e de uma alimentação consciente . “Se pensarmos de forma mais ampla, o valor de sabermos, que de alguma forma, estamos contribuindo para um mundo de respeito a todas as formas de vida, saímos no lucro”.

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