Após apresentar queda em fevereiro, a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito, isto é, o crédito tomado pelo consumidor que não paga o valor integral da fatura do cartão, voltou a subir em março. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira (26), a taxa chegou a 490,3% ao ano em março, com alta de 2,5 pontos percentuais na comparação com o anterior.
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No período, a taxa de juros do crédito parcelado caiu para 158,5% ao ano. A retração entre fevereiro e março foi de 5 pontos percentuais. Vale lembrar que março foi o último mês em que as instituições financeiras puderam manter os consumidores no crédito rotativo sem tempo definido. A partir deste mês, quem não conseguir pagar integralmente o valor da fatura só poderá permanecer no rotativo por 30 dias.
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Fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em janeiro, a nova regra obriga as empresas a transferirem para o crédito parcelado, que cobra taxas menores, os clientes que não conseguirem quitar o rotativo do cartão.
Cheque especial
Outra taxa que apresentou alta na pesquisa do BC é a do cheque especial. Em março, o índice ficou em 328% ao ano, com aumento de 1 ponto percentual em relação ao registrado em fevereiro. Segundo o levantamento, enquanto as taxas do rotativo e do cheque especial subiram, a taxa média de juros para as famílias caiu 0,8 ponto percentual, passando para 72,7% ao ano, em março.
O saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos, incluindos crédito direcionado com regradas definidas pelo governo, destinado aos setores habitacional, rural e de infraestrutura, ficou em R$ 3,076 trilhões em março. O valor representa alta de 0,2% no período. No acumulado para 12 meses, há retração de 2,7%. Os dados são do crédito livre em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir os juros.
Queda da Selic não ajudou consumidores
Os dados apresentados pelo BC revelam que as quedas da Selic, a taxa básica de juros da economia, não trouxe impacto positivo para o consumidor final. "A crise econômica continua impactando os dados de crédito, elevando o risco de inadimplência e causando uma forte retração de contratação de crédito", analisa Roque Pellizzaro, presidente do SPC Brasil.
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No entanto, Pellizzaro afirma que apesar do recuo na busca por crédito com a crise, "os indicadores de inadimplência bancária não mostraram melhora correspondente". Apesar da queda da taxa básica de juros, a inadimplência para pessoas físicas, que considera os atrasos acima de 90 dias, ficou estável em 5,9%. "Ou seja, apesar da alta na margem o crédito ainda está em patamares muito baixos. Esse cenário só deve mudar quando o consumidor conseguir aumentar sua renda e os níveis de desemprego diminuírem", diz Pellizzaro.