O Banco do Brasil anunciou no domingo (20) reestruturação de suas operações no País. A instituição afirmou que passa a focar no segmento digital, atendendo a demanda de seus clientes e que as mudanças devem gerar economia de R$ 750 milhões em despesas. A reestruturação será em todos os níveis operacionais e envolve o fechamento de agências e o lançamento do Plano Extraordinário de Incentivo a Aposentadoria, que será anunciado nesta segunda-feira (21).
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Em nota o Banco do Brasil informou que “as medidas preservam a presença do BB nos municípios em que já atua e vão resultar no encerramento de 31 superintendências regionais, 402 agências e na transformação de outras 379 em postos de atendimento bancário. Em outubro, o BB já havia iniciado o encerramento de outras 51 agências”.
Ao apostar no atendimento digital e seguindo iniciativas de outras instituições financeiras como o Itaú, o BB afirmou que para 2017 serão abertas 255 unidades de atendimento digital, entre escritórios e agências digitais, que irão se somar às 245 já existentes. Essas unidades digitais já atendem a 1,3 milhão de clientes, com expectativa de chegar a 4 milhões até o final de 2017.
Além de melhorar a eficiência operacional, ao apostar no digital o BB pretende também melhorar a lucratividade. “Na comparação com o modelo tradicional, os clientes do atendimento digital mostram-se mais satisfeitos e consomem até 40% mais produtos e serviços bancários”, informou em nota.
Na última semana e para reforçar seus esforços no atendimento online, o Banco do Brasil lançou a sua conta totalmente digital, o BB Conta Fácil, com previsão de abertura de 1,8 milhão de contas em 2017. “O aplicativo do Banco para celular já conta com 9,4 milhões de clientes que realizam cerca de 1 bilhão de transações bancárias por mês, ou 40% do total. Outros 27% são realizadas pela internet. A expectativa do BB é que o número de clientes que utilizam o aplicativo para celular chegue a 15 milhões até dezembro do próximo ano”.
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Aposentadoria e redução de jornada
Todo o processo de reestruturação acarretará no fechamento de mais de 9 mil postos de trabalho no Banco do Brasil. Para minimizar possíveis efeitos negativos a instituição criou o Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada para público potencial de até 18 mil pessoas que já reúnem condições para se aposentar, com adesão totalmente voluntária.
Outra medida adotada é a redução da jornada de trabalho para seis horas. Os funcionários poderão aderir à nova rotina voluntariamente, sendo que a adesão resultará na redução de 16,25% do valor do salário. O Banco do Brasil explicou que a jornada de trabalho será reduzida em 25% e que “se considerado o valor da hora trabalhada, haverá aumento de 12% para os funcionários que aderirem à nova jornada”.
Críticas do sindicato
Após o anúncio da reestruturação do BB, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região fez críticas à medida. O sindicato ressaltou que as alterações no banco representam fechar "quase um HSBC em número de funcionários (18 mil)”.
De acordo com o sindicato, as alterações reduzirão o acesso dos brasileiros ao crédito. “O desmonte do Banco do Brasil terá impacto no acesso ao crédito no país. Somente os bancos públicos aumentaram o crédito de 38% para 57% de 2008 para 2016, enquanto os privados tiveram redução de 5% nos últimos dois anos. Atualmente, o Banco do Brasil é responsável por 61% do crédito agrícola”, destacou o sindicato, por meio de nota.
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Ainda segundo a entidade, o saldo de crédito na economia brasileira já mostra retração de 3,4% de janeiro a setembro de 2016, “enquanto as taxas de juros cobradas de famílias e empresas apresentam sucessivas e intensas elevações”.